terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ter ou não ter um Blog? Eis a questão!

Como resposta ao desafio do João aqui vai mais uma tentativa de análise em torno dos blog’s. Dado o adiantado da hora, já são 2 da manhã e ainda agora comecei, espero que não se torne um pesadelo.

Sem querer plagiar a imortal frase de William Shakespeare, do não menos famoso “Solilóquio de Hamlet” (Acto III, Cena 1)

Ser ou não ser; essa é a questão:
Se mais nobre é na mente suportar
Dardos e flechas de ultrajante sina
Ou tomar armas contra um mar de angústias
E firme, dar-lhes fim. Morrer: dormir;

(ou para os puristas)

To be, or not to be: that is the question:
Whether’tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles
And by opposing end them. To die: to sleep;

Tirando o melodrama da morte e o prazer supremo de dormir, (dá para perceber que sou dorminhoco), já há quatrocentos anos este grande dramaturgo anteviu o mar de dúvidas em que nos encontramos actualmente. Sim, porque estou convencido que a Ofélia foi desculpa, ele estava era com vontade de ter um blog.

Antecipo desde já a pergunta dos meus digníssimos colegas: Um blog? O moço está com febre, é gripe de certeza! Ou então cansaço pelo muito que os formadores nos exigem…

Ao que eu respondo: Não! (espero que não seja) Pensem nas mais valias de que ele não beneficiaria:

1. Poderia relacionar-se com outros autores, de todos os cantos do país ou até do mundo. Não esqueçam, os menos atentos que (agora a veia de professor de História a funcionar) Shakespeare nasceu a 23 de Abril de 1564, tendo morrido, curiosamente, exactamente no mesmo dia em 1616. Já agora, nesse mesmo dia e ano, morria Miguel de Cervantes, tinha nascido em 1547. Terceiro facto histórico, o nosso Camões nasceu algures em 1525 e morreu em 1580. Conclusão, tipo La Palice, foram todos contemporâneos. Daqui se conclui que, se todos tivessem um blog quem nos garante que hoje não teríamos, ou será leríamos, o romance de D. Quixote com Julieta passado na Ilha dos Amores. Ou seja, os comentários, a troca de ideias e de informações não só valorizam o que qualquer autor escreveu como enriquecem a sua pesquisa. Cada um deixa as suas experiências, ou até as pesquisas e não só o autor, sendo que todos os seus leitores beneficiam com isso, pois têm acesso a outras questões e opiniões. Todos nós podemos, devemos, aprender com os comentários e ideais que surgem fruto desta partilha.

2. Uma segunda vantagem que podemos atribuir ao blog é a de ajudar a organizar as ideias. Face ao manancial de informação existente nada melhor para pesquisar e aprender que reunir o maior número possível de links, nossos ou fruto dos comentários, mais uma vez o conhecimento construído através da partilhado, fazer um resumo e depois poder colocar em prática a melhor forma de aprender que é ensinando.

3. Mesmo quando não temos nada de novo, pelo menos em termos substanciais, para partilhar podemos sempre trabalhar o aspecto gráfico, melhorar o layout, ou até reconstruí-lo, temos links para organizar e incluir, post’s para escrever, comentários a que responder e deixar nos outros blogs. Enfim, é um mundo novo que se abre para todos nós.

Claro, podem-me sempre dizer: eu não sou o Shakespeare e tenho coisas melhores, ou pelo menos mais urgentes para fazer. Aqui entram alguns aspectos menos positivos:

1. Ter um blog, pelo menos se queremos que ele seja efectivamente útil e não uma brincadeira de tempos mortos, implica sentido de responsabilidade, frequentemente debatemo-nos com a questão de estarmos a escrever, acerca de um assunto importante e para um número, esperemos, grande de pessoas. No caso de ser o blog da nossa BE, tendo os alunos como alvo prioritário, esse “peso da responsabilidade” pode ainda ser maior. Aquilo que para nós, fruto da experiência de vida ou outra qualquer, é verdade, ou pelo menos claro, para os outros pode não o ser.

2. Para fazer face às necessidades / exigências do nosso grupo de leitores temos que escrever com frequência, sendo que todos sabemos que nem sempre isso é possível.

3. No caso de um blog da BE a tendência é termos muita gente a fazer perguntas. Não será isso que pretendemos? Claro que sim, o problema é que muitas dessas perguntas já estão, se possível deverão estar, respondidas no blog. Ou seja, frequentemente os nossos leitores nem se deram ao trabalho de ler o que nós escrevemos.

4. Por vezes temos inclusive a sensação de sermos meros prestadores de serviços. Já experimentei essa sensação quando em conjunto com mais dois colegas fizemos uma “brincadeira” no âmbito do mestrado. Alguns utilizadores dirigem-se-nos com uma impessoalidade e altivez faraónica, querem sempre uma resposta pronta e rápida.

Espero que esta divagação possa ser útil para moldar os nossos blog’s, ao mesmo tempo que “educamos” os nossos leitores.

Abraço

Franklim

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