Como resposta ao desafio do João aqui vai mais uma tentativa de análise em torno dos blog’s. Dado o adiantado da hora, já são 2 da manhã e ainda agora comecei, espero que não se torne um pesadelo.
Sem querer plagiar a imortal frase de William Shakespeare, do não menos famoso “Solilóquio de Hamlet” (Acto III, Cena 1)
Ser ou não ser; essa é a questão:
Dardos e flechas de ultrajante sina
Ou tomar armas contra um mar de angústias
E firme, dar-lhes fim. Morrer: dormir;
(ou para os puristas)
To be, or not to be: that is the question:
Whether’tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles
And by opposing end them. To die: to sleep;
Tirando o melodrama da morte e o prazer supremo de dormir, (dá para perceber que sou dorminhoco), já há quatrocentos anos este grande dramaturgo anteviu o mar de dúvidas em que nos encontramos actualmente. Sim, porque estou convencido que a Ofélia foi desculpa, ele estava era com vontade de ter um blog.
Tirando o melodrama da morte e o prazer supremo de dormir, (dá para perceber que sou dorminhoco), já há quatrocentos anos este grande dramaturgo anteviu o mar de dúvidas em que nos encontramos actualmente. Sim, porque estou convencido que a Ofélia foi desculpa, ele estava era com vontade de ter um blog.
Antecipo desde já a pergunta dos meus digníssimos colegas: Um blog? O moço está com febre, é gripe de certeza! Ou então cansaço pelo muito que os formadores nos exigem…
Ao que eu respondo: Não! (espero que não seja) Pensem nas mais valias de que ele não beneficiaria:
1. Poderia relacionar-se com outros autores, de todos os cantos do país ou até do mundo. Não esqueçam, os menos atentos que (agora a veia de professor de História a funcionar) Shakespeare nasceu a 23 de Abril de 1564, tendo morrido, curiosamente, exactamente no mesmo dia em 1616. Já agora, nesse mesmo dia e ano, morria Miguel de Cervantes, tinha nascido em 1547. Terceiro facto histórico, o nosso Camões nasceu algures em 1525 e morreu em 1580. Conclusão, tipo La Palice, foram todos contemporâneos. Daqui se conclui que, se todos tivessem um blog quem nos garante que hoje não teríamos, ou será leríamos, o romance de D. Quixote com Julieta passado na Ilha dos Amores. Ou seja, os comentários, a troca de ideias e de informações não só valorizam o que qualquer autor escreveu como enriquecem a sua pesquisa. Cada um deixa as suas experiências, ou até as pesquisas e não só o autor, sendo que todos os seus leitores beneficiam com isso, pois têm acesso a outras questões e opiniões. Todos nós podemos, devemos, aprender com os comentários e ideais que surgem fruto desta partilha.
2. Uma segunda vantagem que podemos atribuir ao blog é a de ajudar a organizar as ideias. Face ao manancial de informação existente nada melhor para pesquisar e aprender que reunir o maior número possível de links, nossos ou fruto dos comentários, mais uma vez o conhecimento construído através da partilhado, fazer um resumo e depois poder colocar em prática a melhor forma de aprender que é ensinando.
3. Mesmo quando não temos nada de novo, pelo menos em termos substanciais, para partilhar podemos sempre trabalhar o aspecto gráfico, melhorar o layout, ou até reconstruí-lo, temos links para organizar e incluir, post’s para escrever, comentários a que responder e deixar nos outros blogs. Enfim, é um mundo novo que se abre para todos nós.
Claro, podem-me sempre dizer: eu não sou o Shakespeare e tenho coisas melhores, ou pelo menos mais urgentes para fazer. Aqui entram alguns aspectos menos positivos:
1. Ter um blog, pelo menos se queremos que ele seja efectivamente útil e não uma brincadeira de tempos mortos, implica sentido de responsabilidade, frequentemente debatemo-nos com a questão de estarmos a escrever, acerca de um assunto importante e para um número, esperemos, grande de pessoas. No caso de ser o blog da nossa BE, tendo os alunos como alvo prioritário, esse “peso da responsabilidade” pode ainda ser maior. Aquilo que para nós, fruto da experiência de vida ou outra qualquer, é verdade, ou pelo menos claro, para os outros pode não o ser.
2. Para fazer face às necessidades / exigências do nosso grupo de leitores temos que escrever com frequência, sendo que todos sabemos que nem sempre isso é possível.
3. No caso de um blog da BE a tendência é termos muita gente a fazer perguntas. Não será isso que pretendemos? Claro que sim, o problema é que muitas dessas perguntas já estão, se possível deverão estar, respondidas no blog. Ou seja, frequentemente os nossos leitores nem se deram ao trabalho de ler o que nós escrevemos.
4. Por vezes temos inclusive a sensação de sermos meros prestadores de serviços. Já experimentei essa sensação quando em conjunto com mais dois colegas fizemos uma “brincadeira” no âmbito do mestrado. Alguns utilizadores dirigem-se-nos com uma impessoalidade e altivez faraónica, querem sempre uma resposta pronta e rápida.
Espero que esta divagação possa ser útil para moldar os nossos blog’s, ao mesmo tempo que “educamos” os nossos leitores.
Abraço
Franklim
Espero que esta divagação possa ser útil para moldar os nossos blog’s, ao mesmo tempo que “educamos” os nossos leitores.
Abraço
Franklim
Sem comentários:
Enviar um comentário